sábado, 12 de setembro de 2009

O cíclico, o transitório.



No verão o corpo dilata e precisamos de mais espaço

O ar é quente e temos que transpirar para nos livrarmos do calor produzido pelo metabolismo acelerado das células

Os líquidos corporais estão fervendo

Época de acasalamento

A luminosidade nos enche de energia e queremos explorar

O sol brilha intensamente e aquece a tudo

A luz traz consigo o reconhecimento do espaço externo e nos tridimensionaliza

Quando o outono chega trazendo consigo os ventos as coisas podem mudar de direção rapidamente

A vida tem um sabor de brisa e de sopro

A água e os ventos lavam e limpam

O processo de senescência começa a acontecer à natureza e ela começa a envelhecer

Perder suas folhas, sua pele, seu viço

As sementes são espalhadas pelo vento e se depositam em lugares escuros e úmidos para o processo de germinação e hibernação do inverno, para então, ressurgirem com a primavera

Durante o inverno, em seu sono profundo, a natureza se repensa, se recicla, se reinventa

Voltamos-nos para dentro e o peso da gravidade parece estar mais forte sobre os nossos corpos

Um ciclo inteiro, com todas as suas mudanças e transformações, que varia de acordo com a nossa distância do sol, com o girar da terra

No processo constante de frenesi quântico, as partículas subatômicas estão constantemente se tornando e deixando de existir. Nascimento, morte e renascimento em microssegundos.

É um padrão que tende a se repetir na natureza. Da micro a macrodimensão.

Neste projeto tentamos traduzir estas mudanças e este ciclo nos corpos dos bailarinos/intérpretes, explorando conexões entre este ciclo e a vida humana como um todo.

Nós nos debruçamos sobre a pergunta: Como o processo de nascimento, crescimento, declínio e morte pode ser traduzido em dinâmicas de movimento no espaço/tempo? Quais são as variáveis mais características ou mais presentes em cada uma destas fases?

Como seriam trabalhadas estas mudanças de foco? Através do movimento em si, enquanto forma? Através da internalização dos movimentos? Através da mudança de dinâmica?

Ao manipular as variáveis tentando tanto internalizar quanto externalizá-las, descobrimos novas formas de se mover e vivenciar este movimento.

Em alguns momentos temos que parar e nos perguntar se aquilo que estamos experimentando está dentro do que nos propomos inicialmente e em caso de estarmos nos afastando da idéia motriz do experimento retornamos ao inicio para então recomeçar.

A medida que o processo se desenvolve fazemos novas descobertas e temos que de certa forma reajustar o seu curso. Um constante desafio à criatividade.

Por: Quark Insano (Designer de movimento)

sábado, 5 de setembro de 2009

Be - Um experimento coreográfico para 4 corpos quânticos.

É infinitamente prazeroso ter estes 4 seres quânticos se entregando de corpo e alma, partícula e onda ao espaço multidimensional da minha mente.
Eles me possibilitam uma experiência única, a de ter a responsabilidade por esta entrega.

O exerimento está cada vez mais saindo do universo expandido das idéias e conceitos para se adentrar no universo concreto e subjetivo do movimento.
As dinâmicas vão ganhando em complexidade e nós continuamos a trabalhar com as variáveis espaço, fluxo, peso, vibração e volume.

A minha maior felicidade é ver nos olhos e nos corpos deles o prazer de estarem participando deste processo.

Obrigado!

Por: Quark insano (Designer de Movimento)















sábado, 29 de agosto de 2009

O processo continua!

A primeira parte do experimento está pronta. Nela submetemos as células coreográficas a uma exploração da variável “espaço”. Os movimentos originais são aqui questionados quanto a sua espacialidade, como interagir com a cinésfera individual e coletiva.

Atualmente estamos questionando a variável “fluxo” e reestruturando os movimentos, seja transformando as células já existentes, seja adicionando novos movimentos.

Quatro serão as variáveis manipuladas neste experimento, espaço, fluxo, peso e volume.

Os primeiros esboços musicais foram apresentados ao grupo por André Pruden e ambientação sonora começa a criar forma.

Por: Quark Insano (designer de movimento)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

As organizaçoões corporais e os padrões neurológicos básicos.


Busco

Deito, deixo e perco individualidade

Adquiro um novo padrão de qualidade

Sem remanescências de pés e mãos

Apenas uma fluida uniao

Expansiva

Expressiva, célula passiva.

Busco.

Sinto uma mudança nesse instante

Surgindo pontos, entre si equisistantes

Movimento com irradiação abdominal

Sensitiva

Acho-me uma estrela cativa.

Busco

Uma nova forma se clareia

Enquanto minha coluna serpenteia

Como uma eixo livre no ar

Inovação no peito de criar

Massiva

Perdido a beleza criativa

Busco

Subverto a noção de gravidade

Surge uma biparidade

Repartindo-me distanciado, ao meio

Confiança superior e inferior, o receio

Lasciva

Mudando de maneira ativa

Busco

Ascende uno a força diagonal

Cortando-me de maneira contralateral

Na forma sou torto e reto

Levanto-me como um ser ereto

Objetiva

De maneira subversiva

Busco

Reconheço-me

Humano.
(GEOVANE NASCIMENTO, 2001)
Texto proposto pelo coreográfo Kiran
por Janaina Gomes
Be- experimento quântico n 4

terça-feira, 14 de julho de 2009

hai kai (quântico)

Em algum lugar
Conexões acontecem
Eu e o outro.

Vácuo quântico
Em movimentos certeiros
Vibra com vida.


Por Janaina Gomes
Be- Experimento quântico n 4.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Pequenas, singelas e preciosas impressões

Sentir-se bem é o que me move neste momento, neste processo.

Aprendo, erro, conserto, memória daqui, memória de lá, quase louca ouço vários setes e oitos.

Um casamento, ou melhor, estamos em lua de mel

POR FAVOR NÃO INTERROMPA!!!

Este é o processo, isto é Be- experimento quantico n 4.

encontro de almas, entrega, harmonia. São caracteristicas básicas de um dos trabalhos mais felizes que faço.

Escrevendo textos, sincronias coreograficas, mudanças de direções, quatro lados, quatro elementos, o quarto elemento (berilo), as quatro estações, as quatro pessoas (eu "janaina", Patricia, Gervásio e Elis).

Lembra-me aquela brincadeira: Somos quatro eu com tu, tu com ela nós por cima nós por baixo.

As vezes penso que são cinco, o quinto é o nosso sexto sentido, o nosso pintor, o nosso físico quantico Kiran, que modela nossos corpos, movimentos e sensações, melhor dizendo, deixa fluir tudo isto ao mesmo tempo e nos da a liberdade de produzir mimos coreográficos.


Lembra infância, liberdade de criar, voar, pensar alto, pensar grande... é isso! Eis-me aqui, uma criança de 7 anos a brincar, começando a adquirir suas responsabilidades infantis... eis-me aqui enamorada, como uma adolescente de 15 anos que acaba de marcar um encontro.

Como é bom dançar feliz!!!!!

Por Janaina Gomes.
Be- experimento Quantico N 4.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Bruxinha de Blair

Carrego comigo uma vassoura, ela se encontra pronta para limpar a areia salgada da praia. Vejo distante, senhorzinhos vestidos de branco e azul, tomando em um cálice, champanhe acompanhado de caviar e rapadura. Senhorinhas de vermelho correm loucas pelas areias brancas, descabeladas, sem classe alguma, maquiagens borradas, saltos quebrados e tudo o que existe de deselegante estava presente naquela vermelhidão toda.

Em um palco vejo uma mulher diferente de todas as outras que ali se encontravam. Cabelos longos carregava uma taça de vinho na mão, usava óculos de grau, calça jeans e uma bata branca estava rodeada por um circulo que não identifico ao certo o que era mas me parecia uma espécie de bruxaria, jogava vinho no chão e olhava para mim dizendo:
- Você sabe muito bem o que é isso!!!!! É para você.
Fiquei a olhar por um tempo toda aquela cena, mas as senhorinhas de vermelho estavam loucas, e me empurravam em direção ao mar, fazendo cosquinhas em minha barriga, e eu chorava em ver aquelas caras enrugadas e borradas perto de mim, a me tocar com as mãos sujas de areia.

Eu estava de camisola branca e não queria me sujar, estava pronta para dormir, era dia, mas já estava na hora de voltar ao meu sono profundo. Fui sugada pelo mar, e depois disso lembro-me apenas de quando me acordei, em uma cama branca sem as partes intimas, estava suja de sangue, meus olhos borrados de tanto chorar, logo mais abaixo um ovo gigante que eu acabara de parir criado por um bode, estava entre minhas pernas. Eu e um ovo dentro de um quarto todo branco.

por Janaina Gomes - Be- processo quantico N.4

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A oito mãos

O PARTO


Esse ano, eu não comi bolo de molho. Molho de chuva. Os pés molhados encantados por uma certa orca marinha. Mas, o molho que se encontrava no bolo estava dentro da barriga da orca.

Gosto de comer bolo para emagrecer, e minha energia diminuir proporcionalmente ao triângulo da velocidade da luz. Luz de vela. Só assim conseguiria plantar o meu pé molhado de sorriso de orca e turnê abortada de Michael Jackson.


Cresci, cresci e não entendia a razão, o pé de cabelo estagnou minha lógica. Cabelo que era black ficou liso, Michael Jackson que era preto e ficou branco, que tinha nariz alargado e ficou afilado.

Fui uma vez ao seu show e dancei nas estrelas ao som de Billie Jean com os pés molhados de bolo de lágrimas. Sou feliz quando danço nas estrelas: eu e meus iliopsoas alongados.


Atravesso o céu, mar e terra. Com o dedo do pé aliso o Mar Morto, morto para você, meu bem, que é áspero feito pedra pome. Você, meu Michael, vamos dançar juntos? Com os isquiotibiais, os iliopsoas e todos os músculos alongados como seus cabelos. Vamos Michael? Com aquela tua jaqueta brilhante e aquela tua luva de diamante e com teus sapatos computadorizados que nos fazem escorregar para trás. Sapatos com chips, fótons e bolos de elétrons prontos para dançar e partir a barriga da orca que mora no mar morto e o pé de bye bye.


Por todos os intérpretes

para o processo de Be....


Sobre o processo

Neste processo coreográfico decidi utilizar a forma escrita de expressão como atalho para os movimentos. São duas as vias de acesso ao poder criativo dos intérpretes, os Haikais, como forma de síntese, de canalização de sentidos por uma via que os estimule a organizar pensamentos e imagens, e a escrita automática, tão utilizada pelos surrealistas e psicanalistas como forma de acesso ao inconsciente. Por um lado tento a condensação de conceitos e idéias e por outro a expansão de imagens inconscientes, ambas são traduzidas em movimentos através de improvisações dirigidas. Observo que para a maioria, a capacidade de síntese é mais difícil, porém quando é pedido que simplesmente dêem vazão às imagens do inconsciente a través da escrita automática eles desenvolvem melhor.

Como abordar a física quântica com suas teorias tão complexas, a teoria da sincronicidade, teoria do caos e a aleatoriedade através do movimento? Decidi não trabalhar com dança teatro, que é um terreno conhecido para mim. Se for para ser desafio tem de ser coletivo. Estamos todos tentando encontrar juntos formas coerentes de corporificar conceitos abstratos e concretos através da improvisação, utilizando sempre uma estrutura poética como base. Normalmente em dança teatro a “ação” é base das improvisações e estas já carregam em si significados bem definidos ou codificados. O desafio aqui é justamente a utilização de movimentos que não expressem ações, mas que tenham uma forma mais subjetiva ou abstrata de representar as imagens utilizadas como bases para as improvisações.

No decorrer do processo nos surpreendemos com a agilidade e rapidez com que as células coreográficas estão criando vida. Todo este material será utilizado no design da coreografia e na estruturação cênica do espetáculo.

Gosto de trabalhar com improvisações dirigidas, pois elas oferecem ao intérprete a possibilidade de ser cocriador do processo, e por conseqüência se envolver mais com ele. Uma vez que as células coreográficas estão prontas começa o meu trabalho de estruturá-las dentro da minha visão geral do espetáculo.

O trabalho em conjunto está acontecendo de forma fluida e prazerosa. Fico satisfeito e feliz com o grau de entrega destes intérpretes criadores tão criativos e talentosos que se doam inteiramente ao processo.

Por Quark Insano
Para o processo de Be – Experimento Quântico N. 4

Em 26.06.09

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Quantic Tarantino

Acaba o espetáculo, pausa para lavar o rosto e se recompor, logo ali pertinho encontra-se um homem usando uma capa preta e óculos escuros, não é o neo do matrix, é um objeto ainda não identificado.
Aproveitando um momento de distração este objeto não identificado, me leva em seu cavalo preto, a 200 por hora, fomos comer sushi e adentramos em um bar freqüentado pela máfia chinesa. O sushi servido era de carne humana e o enfeite do prato principal era dentes de tubarão acompanhado por uma bebida facilmente identificável (cerveja).
Depois de comer aquela mistura que causava tontura e deixava os dentes vermelho sangue, nos lançamos um ao encontro do outro, como mágica fomos parar no andar de um prédio mal assombrado, com o teto baixo e alguns corpos pendurados sobre a parede, a fricção aconteceu, sem olhos nos olhos, sem nenhuma poesia a ser dita ou escutada.
E assim aos poucos eu identificava este objeto. Passou-se sete dias, sete meses, sete anos, sete casas, sete sentidos, (além dos 5 existentes os outros dois eram segredos secretos, que só me couberam saber).
Pronto estava resolvido, a imagem deste objeto era feia, nojenta, com um aspecto de mendigo. Ele se aproximou de mim, doente, pedindo ajuda. E eu? Eu o matei com um celular e um e-mail... Ao ver, ele desintegrou-se, evaporou, deixando o ar mais limpo, a leveza voltou a ser insustentável e o sol saiu vermelho-rosa, gritando de felicidade ao ver o objeto jogado logo ali no chão...


escrito por Janaina Gomes
Be- experimento quântico N.4

Escrita automática

Mesmo dentro de tudo acordo com os pés em cima e em baixo, rodar, rodar, não faz sentido para uma velha roda gigante. Num fundo poço aberto flutuam algodões doces provenientes do liquido encefálico do gigante adormecido em minha eterna mente aquosa. Cor de laranja ouro, laranja é ouro na terra dos limões azedos, prefacio é o começo o fim sou eu quando minha perna quebrar, longos os sonos e sonhos acordados de imediato por alguém tão ansioso quanto eu, você e mais uma manada de macacos saltitantes em busca do reino perdido das bananas.

Os pés no chão, digo não a realidade dos percevejos cheiro provocante que não sai da roupa num único instante, pés na água umedecem um pouco a alma jogar amarelinha pensando no amor faz um turbilhão no coração e na mente.


Subindo pelas paredes, não sou lagartixa, não sou lagartixa! Me envolvendo pelos lugares que são doces, festa do pirulito na casa da Aninha vai ser dez vezes, mais algodão no ouvido enquanto a cera escorre escorrego num mundo perfeito escorregando pelo cachorro que cresce sem parar e cão de guarda que vira, defendendo-me dos perigos da terra, esta que habita sustenta rodando mais uma vez e aquela amarelinha com o amor preso no coração, solte-o o mais rápido possível, vai entupir tuas artérias e o sangue ruim subir pro teu leite encefálico de razões.

Louco por amores daquele que passa.... mãos me insinuam coisas, será que passando manteiga escorrego mais fácil nos pensamentos dele que carrega aquela bandeja de feijoada. Coco ralado parece neve em dia nublado ou é realidade da minha encefalite, encosta num penhasco e fica se balançando a formiga me empurra e caio deliciosamente num vazio vejo tudo do mesmo modo duas vezes a terceira mora alguém do meu lado e me observa, olhos de vidro rodeiam todo espaço, escolho roupas a contra gosto, gosto dos outros e os olhos vidrados que parecem vidro lembram espelhos colocados inversamente para me enganar e enganar alguém ou você que não para de me olhar, esperando a perna? Cabeluda!! hauhuahuaha.... O braço? O corpo perfeito. jogos para o lado de dentro são chamados de egos, louco por um cabelo, não carequinha!! Ao longe vejo um palhaço que incansavelmente tenta dançar em cima de um disco de vinil...

Por Gervásio Braz para o processo de Be - Experimento Quântico N. 4

em 25.06.09

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Haikais de outros autores

inverno
é tudo que sinto
viver é sucinto

quem me dera
até para a flor no vaso
um dia chega a primavera

Paulo Leminski


Casa fechada
Inverno não-próspero
Chuva cai triste.

Antonio Ladeira

Alguns haikais

Terra prometida
Que molhada gera
Dos frutos a vida

Chuva que cai
Lembranças que vêm
A saudade fica


Tudo quieto aqui
Silêncio e mansidão
Inverno eu sou

Patricia

Escrita automática - 18/06

No dia em que o céu caiu, eu comi todos os meus sonhos não lembrados, um a um.
E as borboletas voavam dentro da minha boca.
Eu saí pela rua vestida de sol e nua de vontades, enquanto meu pulmão esmolava um pouco de realidade.
Os meus cabelos cresceram misturados às arvores da fazenda do meu tio, e o pulso ainda pulsa, pulsa, pulsa e puxa os sonhos ainda não sonhados, mas já lembrados todos os dias.
Meus pensamentos deram um soco no lutador de boxe que chorava pedras de quartzo. Elas eram bonitas porque tinham o gosto de vôo com asas de cetim.
E quando me cansei, eu corri até aqui para contar até 8. E sete, oito....

Patricia

Haikai quântico e insone

Onda, partícula
Ao mesmo tempo
Energia e movimento

Patricia

sábado, 20 de junho de 2009

Pó de estrelas

Todos os dias quando abro os olhos e penso que estou acordado me surpreendo com as minhas fantasias, pois sem medo nem vergonha elas parecem todas virem de um poço profundo a qual chamo de meu amor. Estes turbilhões de imagens que se apresentam na forma de bolhas de sabão começam a aparecer de todos os lados, colidir e dar origem a enormes big-bangs multicoloridos que explodem ao se olhar para eles mais atentamente. Fico ali parado tentando tocar estes fenômenos psíquicos de alta voltagem e vê-los explodir cada vez que entram em contato com a minha consciência. Levanto-me e tento levar um dia assim normal, com cuscuz e passagens de ônibus, mas eles continuam correndo atrás de mim e gritando por todos os nomes que tive e terei nos universos paralelos onde habito. Queria dizer para eles que não sou o criador de tudo isto e que eles me deixem em paz, mas a beleza daquele multicolorido vai me hipnotizando eu termino cedendo e começo a viajar pelos mundos invisíveis de minha própria imaginação. Quase como mágica me vejo flutuando em universos paralelos e jogando paciência com astronautas perdidos no espaço, eles me contam histórias, mas alegam não as terem criado que são apenas contos infantis que ales ouviram quando já eram bem velhinhos. Fico lá olhando eles no microscópio e tentando achar lógica nas imagens que vejo em suas mini TVs quadrimensionais. Eles fingem que vão dormir, pois se sentem invadidos pela minha curiosidade e eu como não sou mal educado permito que eles continuem com aquela mentira e me deixo cair em um buraco negro quase roxo com tons esmeralda fluorescente que passa por ali naquele exato momento na velocidade da luz dirigindo uma de bicicleta cheia de pisca-piscas. O motorista do buraco negro me diz que eu sou a primeiro quark em 10 bilhões de anos luz que decide dar uma voltinha com ele e eu fico meio sem graça com aquele desabafo, mas continuo na minha, mas ele insistentemente continua puxando papo e querendo saber de que universo eu venho, qual a minha composição química, qual a freqüência das minhas ondas mentais, uma intimidade que eu não estava pronto para dividir com ele, e como não quero revelar minha identidade super super secretíssima, digo a ele que sou primo de Nemo , tio avo da branca de neve, padrasto de Harry Potter e primo distante da Bjork, rele se dá por satisfeito, pois consegue ver claramente as semelhanças entre eu e meus parentes. Um vácuo quântico completamente embriagado de cicuta cruza o nosso caminho e o motorista cibernético freia abruptamente, me lançando pelo menos 5 mil anos luz no futuro. Ao chegar lá ainda todo empoeirado da viajem percebo que está havendo uma grande Rave multidimensional muito louca com seres de todos os confins do universo, cápsulas anti matéria para se jogar conversa fora, Dj angelicais tocando ondas vibratórias com 87 notas musicais, drogas legalizadas que permitem você ser você mesmo por 24 horas, e uma porção de bailarinos venusianos com roupas feitas de protoplasma, estava tudo uma belezura super animado, quando me dirijo a máquina do tempo para pegar um drink….. …..ai não!!!!!! Aquele plutoniano careta de novo, na última festa ele entrou em um átomo do meu fígado e eu tive que passar um mês na reabilitação para seres possuídos por plutonianos, e só consegui me livrar dele através de injeções muito dolorosas de extrato de macaíba. Ao tentar sair de fininho daquela festa percebi que minha consciência estava todinha emaranhada com a de um curto circuito cósmico que estava na sala de vídeo games. Pedi a ele gentilmente que se desemaranhasse de mim, mas ele parecia nem ligar para os meus apelos, curto-circuito cósmicos são assim sempre muito displicentes, foi ai que resolvi ser grosso com ele e chamei a garçonete que pairava no ar como um balão de gás hélio, ela lhe aplicou um sedativo em forma de microchip, funcionou maravilhosamente, pois nossas consciências se separaram. O estranho é que depois deste acontecimento tenho sempre a impressão que estou em dois mundos ao mesmo tempo. Está experiência é algo que pode provocar uma tremenda enxaqueca, pois os 11 hemisférios do meu cérebro começam a brincar de amarelinha e o barulho dos sapatos no assoalho de cristal da base do meu crânio provoca um barulho ensurdecedor. Acho melhor tirar uma soneca aqui nesta nebulosa antes que meus fótons comecem a se espalhar por esta galáxia, vai dar um trabalhão juntar tudo de novo.

Por Quark Insano em 20.06.09
Para o processo de Be - Experimento Quântico N. 4

Escrita automática - poesia - movimento

Visando dar expressão ao inconsciente dos criadores intérpretes, assim como, coletar material imagético para a composição das células coreográficas, foi-lhes pedido que compusessem poemas através da "escrita automática".
Uma vez que estas imagens afloram do inconsciente (vácuo quântico), elas trazem em si não só a expressão individual, mas também coletiva. O acesso ao inconsciente permiti-nos tocar as membranas destas bolhas multidimensionais (Teoria M) e transformar esta experiência em palavras através de arquétipos.


"Acordei de olhos fechados para que nem um sonho me escapasse. Cega, quase fui atropelada pela vida quando, na parada de ônibus, esperava minha bicicleta vir me buscar (preciso enxugar os ouvidos!).

Escondi os relógios da minha cidade para que o tempo não achasse como passar por mim. Assim não teria como esquecer, e não esquecendo não precisaria lembrar – lembrar é algo muito difícil para quem, no caminho de outros, perdera a esperança.

Há lembranças, porém, que não merecem ser lembradas. As minhas dei todas a um cão, dono e proprietário do apartamento de cima: era seu dia de natal e eu, sem presente, passado ou futuro, ofereci-lhe lembrancinhas. Ele as comeu e sua barba nunca mais parou de crescer, mais ainda quando as aparava. Há esperanças que não merecem ser esperadas.Se fosse eu quem as tivesse jantado, com café frio e adoçante, teria para sempre os olhos a vazar – e de certo estaria inaugurando o mar. Afogado por esse oceano, meu peito logo abortaria o pé de saudade roxa que nele fora plantado e enraizado.

Por isso olho para os lados e para o céu antes de sair de casa (caso eu esteja dormindo), seco o corpo com fotografias antigas após cada banho e tenho alergia a calendários. Para que tantos dias?

Só preciso de uma noite para esquecer de lembrar e, acordando de olhos fechados, continuar sonhando."

Elis Costa (fragmento de texto)
Em 15/06/2009
Para o processo de
Be – experimento quântico nº 4

Haikais e improvisação

Em diversos momentos da criação usamos os haikais como base subjetiva para a criação de células coreográficas. Através do poder de sísntese desta forma poética conseguimos encontrar base e inspiração para a construção de sentidos sensório/motores e transformá-los em movimento.

Aqui estão alguns dos haikais que nos serviram até o momento de inspiração (ondas vibratórias).

Um pé vem outro vai

Dois pés chegam iguais

Uma queda


Uma mão cobre

Outra treme descobre

Circunduzi-las


pingo de água

florescendo adubo

cresce a vida


sorte da terra

que se sente nutrida

revela verde


oceano lá

o vento se espalha

chuva a cair


chuva pesada

leva a melancolia

aqui alivio....


sexo fogo é

as mãos pés encontram

a grande chama


o tronco fará

do chão o belo altar

mãos calor empurrar


quatro corpos

histórias paralelas

destino uno


movimentam-se

aleatoriamente

em conjunto



A FÍSICA QUÂNTICA E A SINCRONICIDADE

Este é um dos textos da nossa bibliografia. Como parte da pesquisa estamos coletando informações que possam dar respaudo as nossas indagações e servir de base teórico/conceitual para o nosso trabalho.

Os fragmentos em vermelho foram acrescentados por Kiran.


A FÍSICA QUÂNTICA E A SINCRONICIDADE

Luiz Felippe Perret Serpa

FACED/ UFBA

Aderval Barros da Silva

IF/ UFBA


Resumo

Neste trabalho, a partir da experiência EPR,, cujo resultado demonstra a não-localidade da realidade física, desenvolvemos uma correspondência com a sincronicidade, e, conseqüentemente, um isomorfismo entre o inconsciente e o vácuo quântico, concluindo pela dimensão da Física Quântica como uma teoria psicanalítica do universo.


As construções humanas são norteadas pelas percepções inconscientes do mundo, acumuladas ao longo da evolução da espécie, devido às constantes modificações nas capacidades mentais. As contribuições inconscientes de criação nas elaborações artísticas e científicas estão imbricadas nas novas idéias e sensações que nos são incutidas e acumuladas no inconsciente. É a partir destas percepções inconscientes que se evidenciam e racionalizam os fenômenos e os processos físicos, perceptíveis pela consciência humana, transformando de forma contínua as leituras, interpretações e traduções do mundo macroscópico, objeto da Física Clássica. Ainda por um fator inconsciente, somos levados a construções de modelos mediadores de comunicação, que são transmitidos por meio de uma determinada linguagem. (no nosso caso este mediador é o movimento, carregado de simbologia e contido no mais profundo inconsciente do ser humano, resultado de milênios de evolução do nosso sistema nervoso e motor. É ele que ao nível macróscopico e microscópico, inconsciente e consciente, nos torna a todos "iguais/diferentes").


De acordo com Lacan, toda investigação humana está vinculada irreversivelmente no interior do espaço criado pela linguagem. (nossa investigação está vinculada ao interior do espaço criado pela kinesfera individual e coletiva dos intérpretes criadores) Esta certeza converge para o conceito de inconsciente, introduzido na psicanálise por Freud, e reelaborado por Jung posteriormente.

Os diferentes desdobramentos da inventividade humana, embora muito diversificados, têm uma mesma origem, a mente humana e as percepções inconscientes; daí o fato de construções distintas eventualmente conduzirem os pensamentos a uma mesma referência. Há uma sincronicidade nas construções humanas decorrente deste fundo comum a todos os seres humanos.

Pode-se, assim, pensar o inconsciente como um universo virtual de possibilidades, o vazio,onde o contexto é atemporal e a-espacial, o que nos possibilita uma analogia com o vácuo quântico. (o movimento pode criar este espaço virtual. Mesmo sendo espacial e temporal, ele está multidimensionado através da experiência individual daquele que o observa e daquele que o realiza. Criando assim um espaço virtual onde coexistem diversos espetáculos/movimentos ao mesmo tempo no mesmo espaço) Os colapsos ocorridos neste universo virtual, construtor das realidades humanas, são provocados pelos acontecimentos e pelas variadas formas de linguagem. São os acontecimentos que geram as temporalidades e as espacialidades, enquanto esse contexto tempo-espacial, juntamente com as linguagens, constróem o sentido. (Sentido este totalmente democrático, a partir do momento em que um movimento no palco ou na vida cotidiana é incorporado a realidade de cada um individualmente, tendo um sentido específico para cada indivíduo e ao mesmo tempo criando uma experiência coletiva. A multidimensionalidade das realidades e dos sentidos colapsam em um vácuo quântico)

Por exemplo, algumas teorias foram elaboradas, em alguns casos no mesmo período, por pessoas que não se conheciam e moravam em diferentes países, e não tinham conhecimento racional, consciente, do trabalho do outro, ( o trabalho do outro é um evento físico, a construção da teoria é um evento psíquico, e este fato é um evento sincrônico). (comigo aconteceram VÁRIAS vezes de eu ter uma idéia sobre alguma coisa, seja ela artística ou não e alguns dias depois ver aquela idéia materializada em algum outro lugar do planeta. Evento sincrônico revelando o colapso deste vácuo quântico, onde realidades distintas são expressas, sentidas ou manifestas em diferentes espaços/tempos) Como podemos colocar isto em movimento?


Alguns filósofos fazem distinção entre crear e criar; devemos esclarecer que se entende por crear. a potencial e virtual manifestação da essência em forma de existência, e por criar, a transmissão de uma forma de existência em outra forma de existência. A história nos leva a afirmar que, em potência, um matemático compartilha com um poeta, pintor, músico ou escritor do mesmo princípio creador, embora suas criatividades precipitem diferentes construtos do real. Estas evidências constróem de forma autônoma uma ponte entre a psique e as nossas interpretações para os fenômenos físicos, pois as teorias que as definem são construções humanas. Resta-nos localizar esta ponte e caminhar sobre suas bases, explorando todo o panorama em volta, construindo de maneira mais sólida a realidade humana.

Entendemos como verdades humanas, elementos e fatos do mundo ou do universo, que possuem uma forma repetitiva de se manifestar diante da consciência humana.

E se hoje busca-se encontrar uma ponte entre a Física Quântica e a Sincronicidade, é porque estas transformações na visão de mundo, seguidas de suas respectivas construções mentais, não mudam o fato das mentes creadoras possuírem as mesmas propriedades mentais, comuns a todos, fazendo com que, em algum lugar, mentes conscientes percorram os caminhos apontados pelo conjunto de transformações envolvendo mente, consciência e psique humana.

A idéia das atualizações do inconsciente pode ser pensada como sendo o resultado do acúmulo de acontecimentos e excitações a nível quântico, pois o inconsciente é também um espaço virtual de possibilidades, o vazio, algo que corresponde ao conceito de vácuo quântico presente na teoria quântica.

A mente humana tem o correspondente simbólico na consciência pela atualização dos acontecimentos quânticos e suas respectivas excitações, pois esta atualização é a gênese do mundo macroscópico. A consciência relaciona os acontecimentos no mundo clássico, e as idéias da Física Quântica são estranhas perante à consciência, porém se realizam como acontecimentos e linguagens gerando a realidade clássica. (partícula ou onda? Onda = idéia, partícula = realização da idéia; onda = impulso para o movimento, partícula = o movimento em si)


Estamos diante de um problema de escala, desde que a consciência está apta a analisar o mundo macro. Na verdade, consciência e inconsciente fazem parte de uma mesma estrutura, a mente humana, e se inter-relacionam de forma complexa, condicionando nossas atividades e interpretações de eventos e fenômenos físicos e metafísicos.

Os paradigmas científicos puramente racionais não levarão a humanidade à realidade última, absoluta, pois são edificados e trabalhados tendo os limites determinados pelo funcionamento cerebral e mental humano, alimentados por uma atividade inconsciente. Até aqui, pensamos na ciência como uma forma de padronização de percebermos o universo que nos cerca, o macro e o micro mundos, visando uma melhor compreensão de onde nos encontramos imersos, e consequentemente, uma melhor interação com o meio em que habitamos, sem que isto implique em um conhecimento onde paire a certeza. A percepção do micromundo ocorre no inconsciente de forma indizível, colapsando nos eventos resultantes da ação humana. (quando o espetáculo vai a cena os eventos macro e micro se fundem tanto por parte de quem apresenta como de quem observa. Os movimentos irão desencadear respostas motoras, emosionais, sensoriais e mentais em ambos os participantes da experiência, muitas delas inconscientes, elaboradas pelo aparato sensório/motor em seus níveis inferiores-inconscientes [rínico e límbico] e superiores-conscientes [supralímbicos]. Através da interação destes sistemas neurais conseguimos dar sentido e significado aos movimentos que vemos e aos que realizamos)


A maneira mecanicista e cartesiana com que as impressões do mundo apresentam-se à consciência nos leva a por em dúvida as coisas que afloram do inconsciente, mas suas manifestações apresentam-se cada vez mais intensas, levando os homens da ciência a inovações que resultam nas crises científicas, e, consequentemente, às mudanças de paradigmas. Assim, a consciência e o inconsciente auto-organizam-se, avolumam-se nas suas capacidades, modificando e acrescentando novas percepções de mundo que se manifestam na ação humana. (nossas idéias e a realização delas {coreografia} vão se auto-organizando e achando um espaço/tempo comum modificando e acrescentando nossas percepções de mundo, de movimento e se manifestam através da dança)

Chamaremos de atividade mental todas as transformações na matéria, pois qualquer movimento no espaço-tempo decorre de uma atividade mental. Certamente a mente humana não define todas as atividades mentais no planeta, nem no universo, mas mantém sempre, em potência, a possibilidade de atualizá-las. (ou seja, um constante devir. Potencial para criar novos sentidos, ou atualizar os sjá existentes através do colapso de nossos próprios universos particulares e coletivos) Há no universo potencial e virtual das possibilidades, o inconsciente ou o vácuo quântico, a imanência da totalidade do universo. O conjunto de todas as mentes e suas conexões constituem o Unus Mundo.

Estas considerações podem justificar o fato do paradoxo de Einstein, Rose e Podolsky (EPR) confirmar a validade do teorema de Bell, quando, em princípio, pretendia-se o efeito contrário, pois uma decorrência deste teorema é o caráter não local dos eventos físicos, implicando que a realidade quântica é sincronizada espacialmente.


A experiência EPR foi formulada por Einstein com o objetivo de obter uma prova cabal da incompleticidade da teoria quântica, com o auxílio dos físicos Boris Podolsky, originário da Rússia, e Natan Rose, americano. Einstein não aceitava o fato de que a teoria quântica atribuía ao observador, e ainda é assim, a propriedade de criar a realidade.

Cabe aqui justificar esta consideração com o argumento de que a realidade humana é verdadeiramente construída pelo observador, e isto é um fato que implica no não absolutismo desta realidade.(aqui entram os arquétipos de Jung. A morte, a chave, a mãe, Deus, são em si mesmos apenas a morte, a chave, a mãe, Deus, apenas palavras, todos trazem estes símbolos em sua psique, porém para cada um de nós eles significam outra coisa, têm valores diferentes.)


Esta experiência originalmente refere-se a dois eletrons com momenta correlacionados. Esta experiência foi modificada, empregando-se dois fótons com polarizações correlacionadas. Experimentalmente, a polarização do fóton pode ser medida utilizando-se um cristal de calcita que divida o raio luminoso em dois canais, um alto e um baixo, dependendo dos fótons estarem polarizados, respectivamente, ao longo do eixo ótico da calcita ou em ângulo reto com este eixo. Uma fonte de fótons que os emitam aos pares, de duas cores distintas, e que se desloquem em direções opostas rumo a dois detetores afastados convenientemente, poderá propiciar medidas de polarização desses fótons.

Os pares de fótons deixam a fonte num estado particular de embaralhamento de fases, denominado estado de polarização paralela. Desta forma, a fase de cada fóton depende do que está fazendo o outro fóton. (o que um bailarino faz depende e ao mesmo tempo intefere com que um outro está fazendo) Consequentemente, nenhum desses fótons está representado por uma forma ondulatória definida, o que de acordo com a teoria quântica implica em que nenhum desses fótons possui uma polarização definida; logo, nenhuma medida de polarização dará sempre o mesmo resultado. Para cada fóton a medida de polarização dará meio a meio para os dois canais, alto e baixo. Embora cada fóton por si só não possua uma onda mandatária definida, --- entenda-se como onda mandatária um comportamento ondulatório associado aos fótons, enquanto entidades individuais, e que são ondas que não transportam energia --- o estado dos dois fótons como um todo é representado por uma onda definida, o que significa que certos atributos das duas partículas (pertinentes simultaneamente aos dois fótons ) possuem valor definido. Para fótons no estado de polarização paralela, um destes atributos definidos é a polarização parelha dos fótons.

Esta experiência, sob a ótica da Sincronicidade, possibilita atribuir a este tipo de evento algo semelhante à psique humana, isto é, uma virtualidade, coexistente nos fótons, e certamente em qualquer entidade quântica, e explicá-lo como sendo um evento sincrônico.

A implicação de que a realidade quântica é não-local impõe aos cientistas procurar novos caminhos: o universo auto-consciente, a idéia do Unus Mundo, a teoria da Sincronicidade. (ou seja, o Deus quântico, o universo consciente e inconsciente de si mesmo, com sua sombra e sua luz, seu potencial virtual de existir em si e fora de si mesmo. Assim, seríamos todos {em todos os infinitos universos} parte de um todo e ao mesmo tempo, o reflexo holográfico deste todo)


Como afirma Jung:

Sincronicidade exprime uma coincidência significativa ou correspondência:

a) entre acontecimentos psíquicos e um acontecimento físico não ligado por uma relação causal. Tais fenômenos de sincronicidade aparecem, por exemplo, quando fenômenos interiores ( sonhos, visões, premonições ) parecem ter uma correspondência na realidade exterior: a imagem interior ou a premonição mostrou-se “verdadeira”;

b) entre sonhos, idéias análogas ou idênticas que ocorrem em lugares diferentes, sem que a causalidade possa explicar umas e outras manifestações. Ambas parecem ter relação com processos arquetípicos do inconsciente.

Portanto, os efeitos sincrônicos podem ser decorrência do ímpeto da creação e manifestarem-se sem nenhuma correlação espacial, ao menos aparente, em estruturas macro e microscópicas.

Concluímos, assim, que podemos imaginar um universo virtual de possibilidades, o qual consideramos como o vácuo quântico, no caso da natureza, e como o inconsciente, no caso do homem. A precipitação dos acontecimentos pela ação do homem ou da natureza, contextualiza o espaço-tempo e ganha sentido pela linguagem. (ganhará sentido através da nossa coreografia, nosso consciente e inconsciente coletivo irá colapsar em uma realidade virtual única onde o movimento será a manifestação macroscópica de nossas idéias microscópicas)


O Unus Mundo é imanente, virtual e possível. O real concretiza-se através do eterno retorno ao Unus Mundo.

Em síntese, a Física Quântica constitui-se em uma psicanálise do universo, onde o vácuo quântico é o seu inconsciente.


(Texto produzido em 2000 com o estudante de Física Aderval Barros da Silva)

Texto original disponível no link: http://www.faced.ufba.br/rascunho_digital/textos/236.htm