No verão o corpo dilata e precisamos de mais espaço
O ar é quente e temos que transpirar para nos livrarmos do calor produzido pelo metabolismo acelerado das células
Os líquidos corporais estão fervendo
Época de acasalamento
A luminosidade nos enche de energia e queremos explorar
O sol brilha intensamente e aquece a tudo
A luz traz consigo o reconhecimento do espaço externo e nos tridimensionaliza
Quando o outono chega trazendo consigo os ventos as coisas podem mudar de direção rapidamente
A vida tem um sabor de brisa e de sopro
A água e os ventos lavam e limpam
O processo de senescência começa a acontecer à natureza e ela começa a envelhecer
Perder suas folhas, sua pele, seu viço
As sementes são espalhadas pelo vento e se depositam em lugares escuros e úmidos para o processo de germinação e hibernação do inverno, para então, ressurgirem com a primavera
Durante o inverno, em seu sono profundo, a natureza se repensa, se recicla, se reinventa
Voltamos-nos para dentro e o peso da gravidade parece estar mais forte sobre os nossos corpos
Um ciclo inteiro, com todas as suas mudanças e transformações, que varia de acordo com a nossa distância do sol, com o girar da terra
No processo constante de frenesi quântico, as partículas subatômicas estão constantemente se tornando e deixando de existir. Nascimento, morte e renascimento em microssegundos.
É um padrão que tende a se repetir na natureza. Da micro a macrodimensão.
Neste projeto tentamos traduzir estas mudanças e este ciclo nos corpos dos bailarinos/intérpretes, explorando conexões entre este ciclo e a vida humana como um todo.
Nós nos debruçamos sobre a pergunta: Como o processo de nascimento, crescimento, declínio e morte pode ser traduzido em dinâmicas de movimento no espaço/tempo? Quais são as variáveis mais características ou mais presentes em cada uma destas fases?
Como seriam trabalhadas estas mudanças de foco? Através do movimento em si, enquanto forma? Através da internalização dos movimentos? Através da mudança de dinâmica?
Ao manipular as variáveis tentando tanto internalizar quanto externalizá-las, descobrimos novas formas de se mover e vivenciar este movimento.
Em alguns momentos temos que parar e nos perguntar se aquilo que estamos experimentando está dentro do que nos propomos inicialmente e em caso de estarmos nos afastando da idéia motriz do experimento retornamos ao inicio para então recomeçar.
A medida que o processo se desenvolve fazemos novas descobertas e temos que de certa forma reajustar o seu curso. Um constante desafio à criatividade.
Por: Quark Insano (Designer de movimento)
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